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Corrupção – é uma escolha individual

Moçambique, mais uma vez, ficou muito mal classificado no Índice da Percepção da Corrupção de 2015, da Transparency International, e classificado como “Maioritariamente Não-Livre” no Índice da Liberdade Económica de 2016. O Centro de Integridade Pública afirma que, aqui, a corrupção se tornou “as regras do jogo”.

Tanto a corrupção percebida como a corrupção real afectam todos os indivíduos e empresas em Moçambique. Então, o que podemos fazer acerca disto? Existem duas opções. A mudança pode partir de cima, das cúpulas, se houver vontade política de pôr termo à corrupção. Ou a mudança pode partir de baixo, de cada um de nós que se recusa a envolver-se na corrupção.

A definição original da palavra “corrupção” inclui os conceitos de ser degradante, decadente, ou perverso. O facto de Moçambique ser amplamente considerado no mundo como sendo corrupto, significa que todos nós que vivemos aqui corremos o risco de ser considerados da mesma forma. Não é possível um país ser classificado como “corrupto” se as pessoas (pelo menos algumas) que nele vivem não forem também corruptas. Tenho a certeza de que você, caro leitor, não quer ser considerado como corrupto. Nem eu. No entanto, a corrupção exige uma acção individual, tanto para fazer com que ela exista como para acabar com ela.

Vários argumentos são invocados ​​para explicar porque é que Moçambique é corrupto. Por exemplo:

É culturalmente aceitável – Recuso-me a acreditar que todos os Moçambicanos acham que a corrupção faz parte da cultura nacional. Também chamo a atenção para o facto de já ter havido uma época em que a escravidão era culturalmente aceitável. Isto não significa que fosse correcto. A corrupção não é “correcta”, e não deve ser desculpada como fazendo parte da cultura de um país.

A corrupção acontece porque as pessoas são pobres – Tanto as pessoas ricas como as pobres podem ser corruptas. Existe corrupção nos países ricos. Nem todas as pessoas pobres são automaticamente corruptas por serem pobres. Na verdade, a corrupção é indiscutivelmente pior para os pobres, porque eles têm menos recursos. A pobreza não é a causa da corrupção. Pelo contrário, a corrupção contribui directamente para a pobreza.

Toda a gente paga subornos, porque não hei-de eu pagar também? - Como a minha mãe costumava dizer quando éramos jovens, “se toda a gente põe as mãos no fogo, você também vai pôr?” Fazer o que os outros fazem, mesmo sabendo que é errado, não é uma boa justificação para ser corrupto.

Se eu não pagar um suborno, não vou conseguir ter xxx - Este é um argumento forte. Quem sou eu para dizer a uma mãe com uma criança doente que não deve pagar um suborno para ser assistida por um médico? O facto de se recusar a ser corrupto terá um efeito negativo enorme na vida de alguém, é algo que é difícil superar. No entanto, não faz com que a corrupção seja correcta. É o médico que exige o suborno para tratar a criança, que está errado. A família do médico que obtém benefícios com estes actos de corrupção, também está contaminada pela corrupção - eles sabem disto e permitem que isto aconteça.

Assim, a primeira pergunta é simples, queremos ser todos considerados pelo resto do mundo como corruptos? Tenho a certeza de que a resposta é não.

A segunda pergunta é menos simples, o que podemos fazer? Como já mencionei, existem duas opções, vontade política e medidas a partir do topo, ou acção individual. Idealmente, estas duas coisas deviam acontecer em conjunto mas, mesmo na ausência de vontade política para acabar com a corrupção, cada um de nós pode fazer a sua parte. Chegou o momento de cada um de nós que vive e trabalha neste belo país, fazer alguma coisa para salvar a sua reputação.

Cada um de nós deve denunciar e protestar quando alguém nos pede um suborno. Devemos usar as opções disponíveis para comunicar a corrupção de forma confidencial. Devemos discutir a corrupção com os nossos colegas, familiares e amigos. Devemos apoiar-nos uns aos outros e darmos força uns aos outros para denunciar e agir. Juntos como um grupo de indivíduos, em que cada um não quer ser corrupto, podemos começar a mudar as coisas. Podemos decidir que não queremos que o mundo nos considere degradantes, decadentes ou perversos. Podemos mostrar que temos um sonho maior para Moçambique, um sonho onde o país e nós que vivem nele, não são definidos pela corrupção.